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AUTONOMIA: O QUE É E COMO ENSINAR PARA OS FILHOS

Quando falamos de educação de filhos, sem dúvida, vários desafios nos vêm à cabeça. E um deles (que eu, particularmente, considero de extrema relevância) é pensar nas habilidades que queremos ensinar aos nossos filhos. Como mãe e psicóloga, percebo que a autonomia é um dos principais valores que queremos transmitir a eles! Então, vamos falar um pouquinho sobre isso!

O que é autonomia?

A autonomia é a capacidade que o ser humano apresenta de poder se colocar no mundo, guiando-se por seus próprios meios, informações, valores, com resultados assertivos. E já é conhecido que incentivar a autonomia é fundamental para o desempenho cognitivo e emocional da criança.

A autonomia é um processo de construção, primeiramente, na cabeça do adulto, e posteriormente, efetivamente com a criança, adolescente e até mesmo com o adulto. Trata-se de um processo gradual, que vai se desenvolvendo à medida que a criança e adolescente realizam novas conquistas e adquirem condições que contribuem pouco a pouco para que eles se tornem independentes.

Sendo assim, devemos dar autonomia para a criança. Devemos ensinar e deixar que ela tente resolver questões, situações e conflitos nos quais ela demonstra aptidão cognitiva e emocional. Vale lembrar que incentivar essa habilidade de vida é bem diferente de simplesmente deixar a criança tomar decisões e fazer escolhas por conta própria.

A escolha deve ser supervisionada e possuir uma orientação prévia do adulto. Esse estímulo é desejável para o desenvolvimento saudável e necessário para que a criança ou adolescente interajam com o ambiente e consigam buscar soluções diante daquelas situações que os desafiam.

Como ajudar os filhos a desenvolvê-la?

A base para uma autoestima saudável é quando a criança tem a percepção de que ela é capaz e que contribui de maneira significativa em seu ambiente familiar, entendendo a sua importância nessa relação.

Uma criança encorajada, incentivada, muito provavelmente, se tornará um adulto mais seguro no futuro. O objetivo é não fazer pela criança o que ela pode fazer sozinha, porque ela já foi orientada e se mostrou apta a realizar tal atividade. Para isso, é importante inserir a criança e o adolescente na rotina da casa, atribuindo a eles tarefas do dia a dia compatíveis com cada idade.

Algumas sugestões: comer sozinha, trocar a roupa, tirar o prato da mesa, arrumar a cama, organizar os brinquedos, tomar banho, colocar a roupa suja no cesto, tratar dos animais de estimação. No caso do adolescente, lavar seu prato, organizar seu guarda roupa, colocar o lixo pra fora, entre outras. São várias as atividades que, independente da rotina da casa, podem ser usadas para inseri-los nessa participação.

Mas aí gente, eu sei que vem um pensamento que com frequência os pais me trazem. “Ahhh meu filho não colabora”, “ele não ajuda”, “é muito desgastante ter que falar várias vezes a mesma coisa…”. É ou não é?

Vou te contar o primeiro paradigma que gostaria de quebrar com vocês: as crianças, na essência, são puras, amorosas e colaborativas com quem elas amam. Se sua criança ou adolescente, por algum motivo, não está colaborando e parece te desafiar o tempo todo, ele está te dando um forte sinal de que precisa de ajuda.

E sabe qual é a resposta para sua pergunta sobre o que fazer para que seu filho colabore? A resposta é ESCUTA e CONEXÃO!!! E eu vou te explicar.

Muitas vezes, os pais estão prontos para atender as necessidades físicas e cognitivas da criança, mas não as necessidades emocionais. Isso se deve ao fato das crianças muitas vezes não expressarem suas demandas por vias consideradas “adequadas” e, consequentemente, nós, adultos não compreendemos o que está por trás do comportamento dessa criança.

Conexão e autoconhecimento: a chave para crescer

Para suprir essas necessidades emocionais precisamos demonstrar conexão. E isso só é entendido através de uma presença atenta, capaz de transmitir sentimento de amor e pertencimento.

Vou te dar uma dica, exemplificando com uma história muito pessoal. Eu, particularmente, sempre sonhei em ser mãe. Desde pequena, brincava de casinha, me imaginava grávida e sonhava em casar. Sei que essa vivência pode representar a história de alguns de vocês, mas certamente não de todos.

Quando me tornei mãe, senti verdadeiramente que meu sonho havia se realizado, mas, como todas as mães, enfrentei muitos desafios e muitas vezes me via cansada, estressada com tantos compromissos e sem muita energia pra dar conta desse sonho tão sonhado e planejado.

E durante um tempo pensei que viver dessa forma era normal… sabia que isso acontece com a gente? Parece que é normal viver cansada o tempo inteiro, sentir culpa por várias coisas e torcer para que cada fase desafiadora passe o mais rápido possível, não é mesmo?

Depois de um tempo, comecei a pensar que não queria viver minha maternidade dessa forma (aliás, para quem ainda não me conhece, sou mãe de duas meninas, a Lavínia de 7 anos e a Milla de 4 anos. Também sou psicóloga atuante na área infantil e no apoio aos pais para vivência de uma maternidade e paternidade mais leve e conectada). E aí comecei a buscar recursos que me permitissem viver uma maternidade diferente.

Para isso eu fui buscar conhecimento. Sim!!! É importante estudar, buscar informação. Nesse processo eu percebia, assim como eu, pais cansados, esgotados, sem paciência, que não conseguiam curtir as expectativas que tinham com a maternidade e paternidade. A partir do momento que mergulhei no meu processo de autoconhecimento para buscar as respostas dos meus questionamentos, consegui entender que o meu guia para essa mudança era o foco na relação com minhas filhas.

Mude o foco

Muitas vezes o nosso foco está no comportamento ruim e ao focar nesse comportamento, tentamos resolver o comportamento e aí agimos ora ameaçando, ora punindo ou mesmo ignorando porque temos a convicção que um dos nossos papéis fundamentais como pais é controlar o comportamento da criança. Ledo engano. Não temos como controlar ninguém.

O que precisamos fazer para verdadeiramente ajudar a criança, através do exemplo, é se conectar com as suas necessidades. Uma criança com comportamento desafiador é uma criança que está desconectada, utilizando apenas a parte emocional do cérebro. É importante que a gente saiba: a criança não está nos desafiando ou nos testando, isso faz parte do seu funcionamento cerebral. Quando nos conectamos com as necessidades da criança, nós integramos ambas as partes do cérebro (emocional e racional) e damos a oportunidade de atender de forma efetiva uma demanda emocional que está na raiz do mau comportamento.

O processo de criar novas formas de conexão com nossos filhos começa dentro de casa. O nosso olhar de atenção e interesse, nossa presença e disponibilidade verdadeiras são referências para a criança. É a partir disso que ela constrói a percepção que tem de si mesma e do mundo ao seu redor. Estudos mostram que a qualidade das experiências amorosas que a criança vivencia tem relação direta com o adulto que ela se tornará.

Repense

E aí? Que tipo de conexão estamos estabelecendo com nossos filhos? Temos usado nossa relação como mãe e pai para ser exemplo de uma relação saudável, respeitosa e harmoniosa?

Falo isso independente do tipo de vínculo que esses pais têm um com outro. Sei que nem sempre essa relação é fácil ou amistosa, mas tem algo que podemos fazer para melhorá-la? Lembrando que nós somos cocriadores da nossa realidade e contribuímos com as coisas que acontecem conosco! Somos os únicos capazes de iniciar e promover essas mudanças, estabelecendo relações mais conectadas com quem amamos!

Se você se sentiu tocado por tudo que leu e deseja criar uma conexão mais profunda com seu filho, visite minha página no Instagram @psicologa_marcela_linhares e conheça mais sobre o meu trabalho! Beijo no coração!

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